Tratado sobre medicina que fez o Doutor Zacuto para seu filho levar consigo quando se foi para o Brasil
Edição, estudo e notas de Ana Carolina de Carvalho Viotti e Gabriel Ferreira Gurian
Era 5450 no calendário judaico, em alguma data entre 1689 e 1690 em seu equivalente gregoriano, quando o mercador Ishack de Matatia Aboab manda Benjamin Godines providenciar uma cópia do Tratado sobre medicina que fez o doutor Zacuto para seu filho levar consigo quando se foi para o Brasil, para dar a seu próprio filho, David Aboab Curiel. Nesse livro, diz Aboab, em carta que fez questão de anexar após a transcrição, “está incluída quase toda a medicina”, e por isso o destinatário da cópia deveria “ler a miúdo o livro que o Doutor Zacuto fez”. A cópia encomendada pelo mercador Aboab e aquela que seria predecessora a ela, da qual o copista se valeu, permaneceram manuscritas desde então, e conhecem, com essa edição, pela primeira vez a prensa. São 48 capítulos e uma lista de advertências sobre as principais doenças a serem conhecidas e combatidas, as explicações de como identifica-las, as características manifestas nas diferentes gentes, os ingredientes e procedimentos necessários para curar meia centena de achaques, enfim, uma série de questões clínicas, em língua vernácula, o português, portanto mais acessível. Neste volume, além da inédita edição do Tratado sobre medicina […], são apresentados dois estudos sobre temas relacionados ao livreto, além de uma introdução crítica da obra, um glossário de ingredientes e procedimentos médicos do período e uma listagem dos pesos e medidas então utilizados pelos doutores.