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VIEIRA, Antônio. 1608-1697.

Sobre o autor

O padre jesuíta Antônio Vieira nasceu na cidade de Lisboa, em 1608, e morreu na Bahia, em 1697. Veio para o Brasil com sua família, ingressou na Companhia de Jesus, em 1623, e obteve sua formação no colégio da Bahia, onde fez o noviciado, estudou os clássicos, algumas línguas do Brasil e mais tarde filosofia e teologia. Em 1634, recebeu as ordens sacerdotais, e um ano depois tornou-se responsável pela cadeira de teologia do colégio da Bahia. Em 1641, o jesuíta voltou para Portugal, onde exerceu carreira diplomática, retornando ao Brasil, no ano de 1652, quando começou a lecionar humanidades e retórica no colégio de Olinda. No Maranhão, compôs cartas e peças oratórias em que ressaltava os males da escravidão indígena promovida pelos colonos. Devido às suas posições e pregações em relação aos índios, foi expulso pelos colonos daquele Estado. Foi um dos pregadores mais conhecidos e apreciados na época, e compôs uma vasta obra oratória, epistolar, teológica e moral.

Obra(s)

1. Resposta a huma Consulta. In: VIEIRA, Antônio. Cartas do P. Antonio Vieyra da Companhia de Jesu Tomo Segundo. Offerecido ao Eminentissimo Senhor Nuno da Cunha e Attayde Presbytero Cardeal da Santa Igreja de Roma do Titulo de Santa Anastasia, do Conselho de Estado, Guerra, e Despacho de Sua Magestade, Inquisidor Geral nestes Reynos, e Senhorios de Portugal. Lisboa Occidental: Na Officina da Congregação do Oratorio, 1735, pp. 174-183.

2. Carta I. Do Padre Antonio Vieira, Escrita de Cabo-Verde ao Padre Confessor de Sua Alteza, indo arribado àquelle Estado. In: VIEIRA, Antônio. Cartas do Padre Antonio Vieira Da Companhia de Jesus, Tomo Terceiro Dedicado ao Eminentissimo, e Reverendissimo Senhor D. Thomas de Almeida Cardeal da Santa Igreja de Roma, Patriarcha I. de Lisboa, &c. Pelo Padre Francisco Antonio Monteiro, Bacharel formado na faculdade dos Sagrados Canones. Lisboa: Na Regia Officina Sylviana, e da Academia Real, 1746, pp. 1-7.

3. Petição que fez o Padre Antonio Vieira ao Governador Dom Pedro de Mello. In: VIEIRA, Antônio. Cartas do Padre Antonio Vieira Da Companhia de Jesus, Tomo Terceiro Dedicado ao Eminentissimo, e Reverendissimo Senhor D. Thomas de Almeida Cardeal da Santa Igreja de Roma, Patriarcha I. de Lisboa, &c. Pelo Padre Francisco Antonio Monteiro, Bacharel formado na faculdade dos Sagrados Canones. Lisboa: Na Regia Officina Sylviana, e da Academia Real, 1746, pp.

4. Sermam XX. In: VIEIRA, Antônio. Maria Rosa Mystica. Excellencias, Poderes, e Maravilhas do seu Rosario: Compandiadas em Trinta sermoens ascéticos, e panegyricos, sobre os dous Evangelhos desta Solenidade, Novo, & Antigo: Offerecidos A Soberana Magestade da mesma Senhora, Pelo P. Antonio Vieira, da Companhia de Jesu, em Cumprimento de hum Voto, Feito, & repetido em grandes perigos da Vida, de que por na imensa Benignidade, & poderosíssima Intercessão sempre sahio livre. II. Parte. Lisboa: Na Impressão Craesbeeckana, 1658, pp. 149-184.

5. Sermam XXVII. Com o Santissimo Sacramento Exposto. In: VIEIRA, Antônio. Maria Rosa Mystica. Excellencias, Poderes, e Maravilhas do seu Rosario: Compandiadas em Trinta sermoens ascéticos, e panegyricos, sobre os dous Evangelhos desta Solenidade, Novo, & Antigo: Offerecidos A Soberana Magestade da mesma Senhora, Pelo P. Antonio Vieira, da Companhia de Jesu, em Cumprimento de hum Voto, Feito, & repetido em grandes perigos da Vida, de que por na imensa Benignidade, & poderosíssima Intercessão sempre sahio livre. II. Parte. Lisboa: Na Impressão Craesbeeckana, 1658, pp. 391-429.

6. Voz Gratulatoria. Sermão de Dia de Reys, pregado no collegio da Bahia Na festa, que fez o Marquez de Montalvão em Acção de graças pelas victorias, e felices sucessos dos primeiros seis mezes do seu governo, anno de 1641. In: VIEIRA, Antônio. Sermões Varios, e Tratados, Ainda não impressos, do grande padre Antonio Vieyra da Companhia de Jesu; Offerecidos A’ Magestade Delrey D. João V. Nosso Senhor, pelo P. André de Barros Da Companhia de Jesus. TOMO XV. Ede Vozes Saudosas Tomo II. Lisboa: Na oficina de Manoel da Sylva, 1758, pp. 1-47.

7. Informação, Que por ordem do Concelho Ultramarino deo sobre as cousas do Maranhão ao mesmo concelho O P. Antonio Vieira. In: VIEIRA, Antônio. Vozes saudosas, da eloquência, do espirito, do zelo; e eminente sabedoria do padre Antonio Vieira, Da Companhia de Jesus, Prégador de Sua Magestade, e Principe dos Oradores Evangelicos: Acompanhadas Com um fidelíssimo Echo, que sonoramente resulta do interior da obra Clavis Phophetarum. Concorda no fim a suavidade das Musas em elogios raros. Tudo reverente dedica ao príncipe nosso senhor O. P. Andre de Barros, Da Companhia de Jesus, Academico do numero da Academia Real da Historia Portugueza. Lisboa: Officina de Miguel Rodrigues, 1736, pp. 93-114.

8. Voto do P. Antonio Vieira sobre as duvidas dos moradores de S. Paulo acerca da administração dos Indios. In: VIEIRA, Antônio. Vozes saudosas, da eloquência, do espirito, do zelo; e eminente sabedoria do padre Antonio Vieira, Da Companhia de Jesus, Prégador de Sua Magestade, e Principe dos Oradores Evangelicos: Acompanhadas Com um fidelíssimo Echo, que sonoramente resulta do interior da obra Clavis Phophetarum. Concorda no fim a suavidade das Musas em elogios raros. Tudo reverente dedica ao príncipe nosso senhor O. P. Andre de Barros, Da Companhia de Jesus, Academico do numero da Academia Real da Historia Portugueza. Lisboa: Officina de Miguel Rodrigues, 1736, pp. 143-166.

9. Carta para o sereníssimo rey D. Pedro II. Do padre Antonio Vieira agradecido, e obsequioso. . In: VIEIRA, Antônio. Vozes saudosas, da eloquência, do espirito, do zelo; e eminente sabedoria do padre Antonio Vieira, Da Companhia de Jesus, Prégador de Sua Magestade, e Principe dos Oradores Evangelicos: Acompanhadas Com um fidelíssimo Echo, que sonoramente resulta do interior da obra Clavis Phophetarum. Concorda no fim a suavidade das Musas em elogios raros. Tudo reverente dedica ao príncipe nosso senhor O. P. Andre de Barros, Da Companhia de Jesus, Academico do numero da Academia Real da Historia Portugueza. Lisboa: Officina de Miguel Rodrigues, 1736, pp. 169-178.

Menções ao negro e ao escravo

1.

Desta primeira resolução (cuja necessidade é precisa e indubitável) se segue que não podem haver ao presente outros meios mais certos e efetivos que os de meter no dito Estado escravos de Angola, e procurar descer dos sertões todos os índios livres que for possível, aplicando-se uns e outros ao trabalho e serviço de que, segundo seu natural, são capazes. (p. 176)

Quanto aos escravos de Angola, suposto não terem os moradores do Maranhão os cabedais necessários para os comprar, e por esta mesma falta não haver mercadores que lá os queiram conduzir: o modo mais pronto, mais seguro e mais fácil de haver os ditos escravos de Angola, é que este primeiro empenho, que será de sessenta mil cruzados, pouco mais ou menos se faça por conta da fazenda real, mandando logo S. A para maior brevidade e expedição que da Bahia ou Pernambuco, onde chegam continuamente de navios de Angola, se comprem e remetam ao Maranhão duzentos escravos que devem ser homens e mulheres em ordem a propagação, conduzidos em um Patacho, e dirigidos ao governador e provedor da fazenda, os quais repartirão e consignarão os ditos escravos gratuitamente a cinquenta moradores dos que tiverem maior cabedal e indústria, quatro a cada um, para que nas terras e sítios mais acomodados e proporcionados, plantem e cultivem cacau, baunilha, anil e as outras drogas de maior utilidade, com tal contrato e partido que de tudo o que se colher [...] (pp. 176-177)

Quinta: que se as missões se houverem de encomendar aos padres da Companhia (como pareceu na Junta) S. A. seja servido de mandar escrever uma carta ao provincial do Brasil, em que lhe encarregue, mande daquela província alguns religiosos dos mais práticos e exercitados na língua geral, por serem falecidos alguns dos que deram princípio à missão; e posto que os que vão de Europa aprendem a mesma e outras línguas, segundo seu instituto, sempre os que nasceram e se criaram com ela a falam melhor: sendo este o principal ou único instrumento com que se reduzem e persuadem os índios do sertão; e podem vir os ditos religiosos na mesma embarcação em que da Bahia ou Pernambuco vierem negros. (p. 181)

2.

Há aqui clérigos e cônegos tão negros como azeviche; mas tão compostos, tão autorizados, tão doutos, tão grandes músicos, tão discretos e bem morigerados, que podem fazer invejas aos que lá vemos nas nossas catedrais. (p. 3)

3.

P. a vossa senhoria haja por bem, que ao padre Antônio Vieira se dê lugar na dita nau Sacramento com os outros religiosos da Companhia, e que vossa senhoria o declare assim por seu despacho, para que o povo o tenha entendido, e não insista no cumprimento da dita notificação; pois é coisa muito alheia da piedade cristã, que vendo lugar na dita nau para cinquenta passageiros, e nove deles ciganos, o não haja para o padre Antônio Vieira, religioso, sacerdote, prelado da sua religião, e pregador de Elrei, e tão aceito a sua majestade, como é notório; sendo certo que se o dito padre fora um negro de Elrei, ou um animal destes matos, que se lhe mandara, o haviam de meter no navio mais seguro. (p. 99)

4.

Observação: O sermão inteiro versa sobre o escravo e/ou sobre o negro.


5.

Observação: O sermão inteiro versa sobre o escravo e/ou sobre o negro.

6.

Para divertir o inimigo, tropas e mais tropas à campanha: portugueses por mar; negros e índios por terra. Para intentos do Recôncavo, e para outros grandes usos do serviço delrei, e alívio dos moradores, tantas embarcações de remo maiores e menores, barcos, fragatas, galés. (p. 30)

E senão, pergunto eu: qual foi o motivo desta perturbação de Herodes? O motivo principal, como bem nota o mesmo S. João Crisóstomo, foi o ver Herodes, que tão poucos homens, e nem todos eles brancos (que um dos magos era negro, e negros os que o acompanhavam, conforme a profecia de Davi: Coramillo procident AEthyopes. AEthyopia praevenient manus ejus Deo). Ver, pois, que tão poucos homens brancos e negros vinham tantas léguas de caminho, marchando confiadamente por terras, e aclamando o nome de um novo rei sem temor de seus exércitos, isto fazia turbar a Herodes: Turbatus est Herodes: isto fazia temer e tremer a toda Jerusalém: Ei omnis Jerosolyma cum illo. (pp. 36-37)

Pois se esta resolução dos magos perturba a Herodes, quanto maiores motivos, ou não menos iguais, tem o holandês rebelde de se perturbar, vendo as nossas tropas de quatro portugueses, e quatro negros marcharem tantas léguas de dificultosíssimos caminhos, sem camelos, nem levantes que lhes levem as bagagens, e andarem livre e intrepidamente em suas campanhas, talando e abrasando tudo, apesar de seus presídios e aclamando o invicto nome do monarca das Espanhas, e de seu novo general. (p. 37)

7.

Sobre a introdução da moeda, que também se propõem na mesma carta com o avanço de cento por cento, não me atrevo a dar juízo. Representa-me que por este modo subirá muito o preço das drogas de fora, e baterá igualmente o das drogas de dentro, com que antes diminuirá do que crescerá um estado, cujo aumento se procura; porque vendendo-se v.g. um negro por cem patacas, as mesmas cem patacas para o mercador serão sessenta mil reis, e para o morador cento e vinte. (p. 109)

8.

A razão ou escusa que se dá de ser esta chamada paga tão rara e tão tênue, é serem os índios naturalmente preguiçosos e de pouco trabalho; mas as pessoas muito práticas daquela terra, e muito fidedignas afirmam que os paulistas geralmente se servem dos ditos índios de pela manhã até noite, como o fazem os negros do Brasil, e que nas cáfilas de S. Paulo a Santos não só vão carregados como azêmolas, quase todos nus ou cingidos com um trapo, e com uma espiga de milho por ração de cada dia. (p. 150)

9.

Dando conta das missões, além da relação particular, das que se fizeram discorrendo por várias partes, principalmente do Sul, mais necessitadas de doutrina não menos nos portugueses que nos índios; só desejo se tenha entendido que não são de menos necessidade e fruto as das cidades e aldeias permanentes e fixas; porque nas do sertão falto de párocos e curas todos os portugueses assim na vida, como na morte recorrem aos que nelas assistem, ou vindo eles as nossas igrejas quando podem, ou quando não, indo os mesmos missionários com muitas léguas e duas de caminho a assisti-los, e sendo muito maior sem comparação o número dos negros, que o dos índios, assim como os índios são catequisados e doutrinados nas suas próprias línguas, assim os negros o são na sua, de que neste colégio da Bahia temos quatro operários muito práticos, como também outros no Rio de Janeiro e Pernambuco; e porque sem a ciência das línguas tudo o mais que em outras missões se ensina não passa dos portugueses, tantas são as escolas das mesmas línguas, que temos instituído nesta província, quantas a variedade delas, das quais não podem passar a outro estudo os nossos religiosos moços, sem primeiro serem examinados e aprovados. (pp. 170-171)


Páginas

Obra 1: p. 176, 177, 181.
Obra 2: p. 3.
Obra 3: p. 99.
Obra 4: p. 164, 150, 153, 157, 158, 159, 160, 174, 178.
Obra 5: 391, 392, 396, 397, 398, 408, 416, 421, 422, 423, 424, 426.
Obra 6: p. 30, 36, 37.
Obra 7: p. 109.
Obra 8: p. 150.
Obra 9: p. 170, 171.

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